Gostaria de abrir a materia desta semana me desculpando pela ausencia na semana passada e pra compensar minha falta, apresento-lhes um artigo que vale por dois, firmeza ?
Hoje vou falar sobre uma das melhores e maiores heranças deixadas pela década de 90 - O rap underground do fim dos anos 90 e comeco dos anos 2000 , principalmente em Nova York . Na verdade vou discorrer sobre a minha descoberta da existência dessa escola numa época em que o rap gringo comercial estava numa fase de transicão estética, deixando de lado as ligações com o jazz e com os timbres empoeirados e cheios de peso da golden era e inovando com sinths e outras pegadas, através de artistas como The Neptunes, Timbaland e Swizz Beats .
Essa fase , apesar de ser o fechamento da dita golden era , seria o começo de uma nova era pra mim como fã de rap e emcee. Lá por 98,99 houve a ascensão de alguns nomes , tanto de artistas quanto de selos independentes , formando um contraponto ao estabilishment do rap pop da época. Um desses nomes era o da gravadora Rawkus Records. A primeiríssima vez que ouvi falar da Rawkus foi no fim de 98 quando assistia a um Yo Mtv Raps onde Rodrigo Brandão entrevistava Marcelo D2 , na época com seu disco saindo do forno e recém chegado dos EUA. No meio da entrevista Brandão pergunta a Marcelo quais foram as pérolas adquiridas nas incursões em busca de novidades sobre rap, e ele conta que conheceu uma gravadora chamada Rawkus Records e curtiu demais!!! Desde então se esforçou ao máximo pra trazer o máximo de material que levava o selo da gravadora independente. Resultado: Na volta ao Brasil D2 trazia consigo cerca de 800 vinis de rap , entre eles, todos da Rawkus que pôde achar.
Fui a procura do tal nome numa pequena pilha de revistas The Source que eu tinha na época e não é que eu acabei achando o que queria ? Num canto de página lá pro fim de uma das revistas havia uma modesta propaganda da gravadora com uma foto em preto e branco , do então pra mim desconhecido Pharoahe Monch . Apesar de eu curtir Organized Konfusion (grupo que Monch tinha desde o fim dos anos 80 com seu parceiro Prince Poetry), não ligava o nome à pessoa. Eles estavam divulgando o lancamento do single Simon Says , se eu não me engano.
http://rapidshare.com/files/87603709/Organized_Konfusion_-_The_Equinox__1997_.rar
http://rapidshare.com/files/336550550/P_MONCH_SIMON_SAYS.zip
No mesmo período , surgiram três coletâneas que mudaram minha visão e a de muitos companheiros de rap. As três eram da Rawkus. Primeiro ouvi o Soundbombig vol 1 com o inconfundível Evil Dee comandando as pick ups e viajei ao som de R.A.The Rugged Man, Company Flow (que me impressionou muito), Sir Menelik, 8 Off a.k.a. Agallah, Mos e Talib e por aí vai. Descobri também que estava dois anos atrasado, pois a mixtape era de 97. Junto com ela chegava o inesquecível e importantíssimo Lyricist Lounge Vol 1(98) , um cd duplo que tinha como missão reproduzir a atmosfera do cenário underground nova - iorquino com seus cyphers (rodas de freestyle) e emcees afiadíssimos. O primeiro disco tinha como hosts o clássico trio De La Soul e o segundo era conduzido pelo genial Kool Keith, que me apresentaram nomes como Natural Elements , Sarah Jones, Punch & Words, a maravilhosa Bahamadia e Thirstin' Howell The Third.
links - http://hotfile.com/dl/8343072/a9ce135/SoundbombingVolI(1997).rar.html
http://rapidshare.com/files/194374810/VA-Lyricist_Lounge_Volume_One-2CD-1998-NHH_INT.rar
Logo na sequência, em revistas de 99, eu via anúncios de singles do segundo volume da mixtape Soundbombing, dessa vez mixada pela dupla californiana J Rocc e Babu (The Beat Junkies). Logo ela estava em mãos e era simplesmente uma evolução da primeira, com praticamente o mesmo elenco, porem com algumas agradáveis surpresas como os já ilustres Common e Sadat X na clássica faixa "1999" , Diamon D, Xzibit, Eminem e Cocoa Brovaz. Cerca de um mes depois, o Dj Primo, que trabalhava numa loja de skate e de cds de rap / hardcore, me apresenta o primeiro disco do Company Flow chamado Funcrusher Plus (97). Aí fudeu!!! Ao mesmo tempo chegam mixtapes fresquinhas, nao necessariamente da Rawkus, porem com o mesmo espiritio, como Walkman Rotation orquestrada por J Rocc, Independents Day vol 1(Dj Eclipse) e vol 2 (Dj Spinna) , The World Famous Beat Junkies Vol 1 ,2 , 3 e Wide Angles. Recomendo com muita insistência que baixem e ouçam essas obras. Se você é um verdadeiro fã de rap vai se deliciar com todas elas.
links - http://www.mediafire.com/?3mdydsbl7nd (soundbombing 2)
http://www.mediafire.com/?mmunumydyiw (ind day 1)
http://www.mediafire.com/file/mmwdzdjmmhg/VA%20-%20Hip%20Hop%20Independents%20Day%20The%20Sequel.zip
http://hotfile.com/dl/8164003/95b1656/Company_Flow_-_Funcrusher_Plus_(1997).rar.html
http://www.megaupload.com/?d=21Y2OPC9 (walkman rot)
No mesmo ano surge na internet o bendito e hoje longínquo Napster, que era a ferramenta essencial que faltava pra todos nos ,sedentos pelos trampos de artistas que víamos em sites como o bom e velho Undergroundhiphop.com ou na lista de vinis da Sandboxatomatic.com. Essas foram obras mais que essenciais pra todas gerações de artistas que viriam a dar luz ao rap underground brasileiro como Marcelo D2, Marechal ,Paulo Napoli, Dj Nuts , Ze Gonzales, Espiao, Ascendenscia Mista, Parteum, Black Alien ,etc. Era como se estivessem nos dando algo como uma permissão pra podermos pensar diferente e sair daquele ciclo vicioso de tiros, putas e grana do mainstream através destes albums e mixtapes, nos apresentando uma nova forma de pensar dentro de um gênero musical que saia da sua era de ouro em direção a uma era estritamente comercial e com sua qualidade gradualmente diluída pelos falsos cafetões, assassinos e traficantes que emergem às pencas até hoje.
LINKS - http://sandboxautomatic.com/
http://www.undergroundhiphop.com/
Por essas e por outras razões que eu me senti obrigado a falar desta época e destes artistas que surgiram num momento crucial da historia do rap, mantendo o gênero conectado à cultura hip hop e à qualidade lírica e sonora que provou ter adquirido ao longo dos anos 90. A essa geração toda só me resta agradecer de coração (em meu nome e em nome de todos, direta ou indiretamente influenciados por ela) . OBRIGADO !!
Hoje vou falar sobre uma das melhores e maiores heranças deixadas pela década de 90 - O rap underground do fim dos anos 90 e comeco dos anos 2000 , principalmente em Nova York . Na verdade vou discorrer sobre a minha descoberta da existência dessa escola numa época em que o rap gringo comercial estava numa fase de transicão estética, deixando de lado as ligações com o jazz e com os timbres empoeirados e cheios de peso da golden era e inovando com sinths e outras pegadas, através de artistas como The Neptunes, Timbaland e Swizz Beats .
Essa fase , apesar de ser o fechamento da dita golden era , seria o começo de uma nova era pra mim como fã de rap e emcee. Lá por 98,99 houve a ascensão de alguns nomes , tanto de artistas quanto de selos independentes , formando um contraponto ao estabilishment do rap pop da época. Um desses nomes era o da gravadora Rawkus Records. A primeiríssima vez que ouvi falar da Rawkus foi no fim de 98 quando assistia a um Yo Mtv Raps onde Rodrigo Brandão entrevistava Marcelo D2 , na época com seu disco saindo do forno e recém chegado dos EUA. No meio da entrevista Brandão pergunta a Marcelo quais foram as pérolas adquiridas nas incursões em busca de novidades sobre rap, e ele conta que conheceu uma gravadora chamada Rawkus Records e curtiu demais!!! Desde então se esforçou ao máximo pra trazer o máximo de material que levava o selo da gravadora independente. Resultado: Na volta ao Brasil D2 trazia consigo cerca de 800 vinis de rap , entre eles, todos da Rawkus que pôde achar.
Fui a procura do tal nome numa pequena pilha de revistas The Source que eu tinha na época e não é que eu acabei achando o que queria ? Num canto de página lá pro fim de uma das revistas havia uma modesta propaganda da gravadora com uma foto em preto e branco , do então pra mim desconhecido Pharoahe Monch . Apesar de eu curtir Organized Konfusion (grupo que Monch tinha desde o fim dos anos 80 com seu parceiro Prince Poetry), não ligava o nome à pessoa. Eles estavam divulgando o lancamento do single Simon Says , se eu não me engano.
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Por essas e por outras razões que eu me senti obrigado a falar desta época e destes artistas que surgiram num momento crucial da historia do rap, mantendo o gênero conectado à cultura hip hop e à qualidade lírica e sonora que provou ter adquirido ao longo dos anos 90. A essa geração toda só me resta agradecer de coração (em meu nome e em nome de todos, direta ou indiretamente influenciados por ela) . OBRIGADO !!
Um comentário:
ihhhhh fudeu...to 13 anos atrasado hehehehe conheci a soundbombing só agora hauahauha
boa matéria Nairobi... é isso ai
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